Lasers de érbio para estímulo de colágeno em mucosa oral

Lasers de érbio para estímulo de colágeno em mucosa oral

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Como novas opções de tratamento, como os lasers de Érbio, podem auxiliar o estímulo de colágeno para o rejuvenescimento facial.

Quando falamos em abordagens clínicas para rejuvenescimento facial, naturalmente associamos com procedimentos em pele. No entanto, assim como a pele, a mucosa oral também envelhece. Ainda que menos perceptíveis aos olhos dos pacientes, perda da elasticidade e alterações na pigmentação são características do envelhecimento da mucosa oral e isso pode evidenciar ainda mais as rítides periorais.

Um dos procedimentos mais conhecidos com o uso de fontes de luz para o rejuvenescimento facial é o resurfacing, que restaura textura, brilho e elasticidade da pele. Para essa finalidade, os lasers mais comumente utilizados são os de dióxido de carbono (CO2), com comprimento de onda de 10.600 nm e usado em região extraoral. Durante muitos anos, foram os únicos lasers de alta potência disponíveis para o rejuvenescimento facial, atuando em epiderme e derme através de um mecanismo conhecido como fotoablação.

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No entanto, nos últimos anos, os lasers de érbio – Er:YAG (2.940 nm; laser de érbio: ítrio-alumínio-granada) ou Er:YSGG (2.790 nm; laser de érbio: ítrio-escândio-gálio-granada) – ocuparam um espaço nesse cenário. Enquanto o laser de CO2 provoca ablação tecidual acompanhada de um efeito térmico que atinge camadas mais profundas da pele, o laser de érbio é altamente absorvido por água (dez vezes mais do que o laser de dióxido de carbono), sendo, portanto, absorvido superficialmente na pele com uma propriedade ablativa maior, com menor lesão térmica (dano térmico residual) em relação ao laser de CO2 (FIGURA 1). Portanto, quando utilizados com protocolos adequados, há um reparo tecidual mais rápido, com eritema menos evidente e melhor pós-operatório. Além disso, os lasers de érbio são pulsados e podem apresentar diferentes larguras de pulso (curtos a longos) que interferem diretamente no maior ou menor aquecimento gerado e, consequentemente, na resposta do tecido biológico.

Alguns equipamentos de laser de érbio e CO2 oferecem também diferentes modos de uso, podendo ter um efeito ablativo (remoção de uma parte do tecido biológico) ou não ablativo e ter a emissão do feixe no modo fracionado (pixelado) ou scanner (FIGURAS 2). Esses avanços na tecnologia reduzem complicações pós-operatórias e tempo de recuperação.

O laser Er:YAG tem indicação para ser utilizado em pele e, mais recentemente, nas diversas mucosas do corpo, tanto em Odontologia como nas diferentes especialidades da Medicina. Quando utilizado em mucosa oral, recomenda-se no modo não ablativo (há modificações térmicas, porém sem remoção do tecido) e modo smooth – “trem de pulsos”, com emissão de seis pulsos de longa duração superpostos (FIGURA 3) –, capaz de remodelar o colágeno e estimular a neocolagênese. Sabe-se que temperaturas entre 50ºC e 70ºC promovem o aquecimento no tecido a ponto de causar ruptura das ligações cruzadas ultraestruturais do colágeno, levando à contração das fibras (reduz a 1/3 do seu tamanho original) e ao consequente aumento no seu calibre, sem alterar a integridade do tecido. Há poucos relatos do uso da técnica em mucosa oral, porém estão relacionados à redução da prega nasogeniana e das rítides periorais.

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No caso clínico apresentado, uma paciente do sexo feminino com 63 anos de idade buscou tratamento estético com queixa em relação ao sulco nasogeniano (bigode chinês). Foi utilizado o laser de Er:YAG (LightWalker ATSM021- 5AF/1S – Liubliana, Eslovênia) com comprimento de onda de 2.940 nm, densidade de energia de 9 J/cm2 e taxa de repetição de 1,5 Hz, programado para irradiação no modo smooth (FIGURA 3).

Os disparos foram realizados com quatro passadas por região, em toda a área interna da mucosa labial e jugal. Foram realizadas cinco sessões com frequência semanal, totalizando cinco semanas de tratamento, e não foi necessária anestesia local para realizar os procedimentos com o laser de alta potência. A paciente não relatou desconforto no trans e no pós-operatório, e, após cinco sessões de irradiação, foram observados sulcos nasogenianos menos pronunciados (FIGURAS 4).

A irradiação com feixe de luz fracionado e emitido no modo smooth é uma característica exclusiva do equipamento de laser de Er:YAG, da empresa Fotona (Liubliana, Eslovênia). É importante entender que diferentes características da fonte de luz e entrega do feixe interferem na interação com o tecido e respostas biológicas