Drenagem linfática após lipólise enzimática de papada
Imagem ilustrativa da irradiação das principais cadeias de linfonodos responsáveis pela drenagem da região da face. Vermelho: submentoniana; azul: submandibular; laranja: jugulo-digástrica.

Drenagem linfática após lipólise enzimática de papada

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A lipólise enzimática de papada pode estar associada à dor e edema pós-procedimento. Confira indicações de Patricia Freitas para abordagens terapêuticas. 

A lipólise enzimática de papada, em que o ácido deoxicólico é injetado na região, pode estar associada à dor e edema pós-procedimento. Ambos são sinais clínicos de processo inflamatório agudo e, ainda que transitórios, podem causar desconforto ao paciente, tornando necessárias algumas intervenções terapêuticas, como o uso de analgésicos e anti-inflamatórios.

Visando uma abordagem terapêutica não invasiva, de ação local, que demanda reduzido tempo clínico e de baixa complexidade, têm sido amplamente indicados os lasers de baixa potência (emitindo no espectro do vermelho e infravermelho próximo) para aceleração do reparo tecidual, modulação de processo inflamatório e redução de dor, sendo utilizados na chamada terapia de fotobiomodulação (TFBM).

Existe uma vasta literatura sobre o mecanismo de ação dos lasers de baixa potência e seus efeitos nos tecidos biológicos. Sua interação ocorre em nível celular, tendo como efeitos primários o aumento na produção de ATP (adenosina trifosfato), adenosina-monofosfatocíclico (AMPc), óxido nítrico (NO) e cálcio (Ca2+), ou seja, moléculas que atuam como sinalizadoras de vias relacionadas à proliferação/diferenciação celular, além da produção de proteínas.

No contexto da inflamação, a TFBM está relacionada à modulação da produção de mediadores químicos (prostaglandina E2, histamina), cicloxigenase 2, fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e interleucina 1 beta (IL-1β), além de favorecer diretamente a microcirculação local. A TFBM, diferentemente de um anti-inflamatório, não inibe o processo inflamatório, mas o modula e acelera o processo de reparação.

Esse conjunto de efeitos promovidos pela irradiação dos tecidos biológicos com os lasers de baixa potência, quando utilizados com parâmetros adequados, também tem sido usado a favor da melhor drenagem linfática, inclusive em procedimentos relacionados à Harmonização Orofacial.

No protocolo de TFBM com lasers de baixa potência para drenagem linfática pós-lipólise enzimática de papada, cadeias linfáticas em face podem ser irradiadas para melhor evolução clínica do quadro de edema e, consequentemente, diminuição da sintomatologia dolorosa. Para tanto, recomenda-se a irradiação dos principais linfonodos palpáveis da região afetada, que neste caso são os submandibulares (situados entre a glândula submandibular e a face medial do corpo da mandíbula) e submentonianos (localizados no triângulo submentoniano – limitado pela borda inferior da mandíbula –, ventres anteriores dos dois músculos digástrico e osso hioide). A depender da extensão do edema, pode-se considerar também a irradiação do linfonodo jugulo-digástrico (linfonodo cervical profundo superior, localizado no ponto em que a borda anterior do músculo esternocleidomastoideo cruza o ventre posterior do músculo digástrico). É importante ressaltar que, durante a irradiação da região das cadeias linfáticas, não deve ocorrer a irradiação de regiões nobres, como a da glândula tireoide.

Os parâmetros clínicos recomendados estão descritos na tabela abaixo.

Na prática clínica, a TFBM com lasers de baixa potência deve ser utilizada o mais precocemente possível, levando conforto ao paciente, com menor quadro de dor e edema, aceleração do reparo tecidual e mais rápida resolução estética.