HOF de dentro para fora: tecido conjuntivo em foco

HOF de dentro para fora: tecido conjuntivo em foco

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O conhecimento dos diferentes tipos de tecido é de grande importância para o sucesso da Harmonização Orofacial. Confira um estudo analítico de Karine Piñera.

Sob o ponto de vista do paciente, o ideal imaginário está focado no revestimento epitelial, ou seja, no tecido visível e que manifesta socialmente na face o envelhecimento ou o rejuvenescimento.

Embora o epitélio da pele seja alvo de muitas técnicas e fundamental para obter resultados melhores, sob a perspectiva dos procedimentos de harmonização, o alvo primordial para resultados de longo prazo é o tecido conjuntivo subjacente e, especialmente, a formação de colágeno, uma das proteínas mais abundantes no organismo.

Na constituição dos tecidos, as proteínas se caracterizam pela sua composição e pelo papel que desempenham. As proteínas funcionais são ativas, envolvidas no metabolismo propriamente dito e chamadas de enzimas. Por outro lado, as proteínas estruturais, como o colágeno, atuam como partes de um sistema, preenchem espaços, conferem resistência, elasticidade e atuam na sustentação do tecido. O resultado estético na harmonização orofacial depende diretamente dessa sustentação dada pelo colágeno e demais componentes do tecido conjuntivo.

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Os tecidos conjuntivos se dividem em: tecido conjuntivo propriamente dito (por exemplo, a derme) e tecido conjuntivo especializado (por exemplo, o tecido ósseo). Considerando a derme, nos cortes histológicos observamos uma derme superficial (tecido conjuntivo frouxo) e outra derme profunda (tecido conjuntivo denso não modelado), FIGURAS 1 E 2.

Ambos os tecidos, frouxo ou denso, apresentam os mesmos constituintes, com diferenças relativas à distribuição desses componentes, com aumento das fibras colágenas e redução da celularidade no tecido conjuntivo denso. Essa variação é influenciada por fatores intrínsecos (genética e hormônios) e extrínsecos (dieta e hábitos). Nesse último item, vale destacar o papel da vitamina C (importante elemento na biossíntese do colágeno), do tabagismo (reduzindo a oxigenação dos tecidos conjuntivos e contribuindo para o envelhecimento) e da exposição solar (induzindo à elastose solar).

Quando lesionados, os tecidos conjuntivos reagem depositando colágeno e dispondo as fibras de acordo com a proporção da agressão, o que gera cicatrizes hipertróficas ou queloides. As cicatrizes hipertróficas são irregulares e excessivas, de cor vermelha, não excedem a área da ferida e tendem a desaparecer com o tempo. Já o queloide ocorre quando há forte cicatrização que excede a área original da lesão e afeta a pele saudável, sem desaparecer, podendo aumentar com o tempo (produção excessiva de colágeno). A tendência a formar queloide é influenciada por fatores genéticos que, por sua vez, interferem na produção de fatores de crescimento e na atuação específica do gene p53 – um dos responsáveis pelo fenômeno da apoptose e que atua no controle da proliferação celular, agindo, por exemplo, na oncogênese, proliferação tumoral e, no caso do queloide, permite que o tecido cresça além dos limites da lesão original.

Confira todas as edições da coluna “Sob o microscópio”, de Karine Piñera.