Resenha: anatomia facial

Resenha: anatomia facial

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A literatura científica aborda a anatomia facial de diferentes maneiras, buscando expandir a discussão do tema. Aqui, trazemos a resenha de três artigos científicos que discutem a anatomia facial.

Muitas vezes, a proposta dos procedimentos estéticos por meio de preenchedores e neuromoduladores se baseia nos objetivos finais da cirurgia plástica. Portanto, o conhecimento anatômico da face é imprescindível. Da mesma forma que grandes procedimentos podem trazer transtornos e complicações aos pacientes, os minimamente invasivos mal planejados também podem. A anatomia de todas as camadas, desde a pele até o osso, deve ser profundamente conhecida pelo profissional que se propõe a trabalhar com harmonização facial. Conhecer os nervos e as artérias, seus trajetos, a composição da estrutura da pele e as camadas de gordura, a textura, os embricamentos de fibra etc. – tudo deve ser considerado durante a avaliação e o planejamento da face do paciente.

A seguir, apresentamos três artigos com enfoque no tratamento conservador e na importância do conhecimento anatômico para o sucesso do resultado.

Face média: abordagens da anatomia clínica e regional com preenchimentos injetáveis.
Cotofana S, Schenck TL, Trevidic P, Sykes J, Massry GG, Liew S et al. Midface: clinical anatomy and regional approaches with injectable fillers. Plast Reconstr Surg 2015;136(5 suppl.):219S-34S.

Por que é interessante: traz um guia anatômico contemplando as cinco camadas estruturais formadas por pele, tecido subcutâneo, compartimento de gordura subcutâneo, camada areolar profunda e fáscia parotideomassetérica da região média da face – uma região rica em estruturas que podem ser tratadas para prevenir e amenizar o envelhecimento.

Desenho experimental: compilado de informações embasadas cientificamente, imagens de cadáveres dissecados, imagens de pacientes e vídeos. Para cada parte – órbita, nariz e área zigomática – há uma combinação de imagens de detalhes anatômicos, planejamento, técnica e demonstração por meio de vídeos disponíveis on-line.

Os achados: acidentes anatômicos e localização de estruturas vitais, como nervos e vasos, são discutidos e demonstrados detalhadamente. O texto e a imagem são direcionados para a indicação de cada procedimento em determinada região. Os autores descrevem individualmente relatos de suas experiências clínicas em que somente a leitura do artigo original pode trazer a real percepção dos benefícios e das dificuldades de cada técnica.

Conclusão: a abordagem clínica para a face média é uma das mais importantes intervenções para os profissionais no tratamento de mudanças relacionadas à idade do rosto. Atualmente, uma infinidade de procedimentos é usada, porém, de acordo com a avaliação dos autores, pouco foi validado. Portanto, o objetivo deste trabalho foi estabelecer um manual de orientação para profissionais para um tratamento facial seguro e eficaz, com base nos mais atuais conceitos de anatomia facial e, assim, minimizar complicações.

Artigo original disponível em: https://bit.ly/3iujaO9.

Avaliação facial e guia de injeção para toxina botulínica e ácido hialurônico: foco na face superior.
Maio M, Swift A, Signorini M, Signorini M, Fagien S. Aesthetic leaders in facial aesthetics consensus committee. Facial assessment and injection guide for botulinum toxin and injectable hyaluronic. Plast Reconstr Surg 2017;140(2):265e-76e

Por que é interessante: é o primeiro artigo de uma série de três que abordam técnicas e recomendações para tratamento estético da parte superior da face. A face superior é considerada uma área básica para tratamento com neuromoduladores e avançada para tratamento com preenchimentos.

Desenho experimental: este consenso se concentrou no Juvéderm (Allergan plc, Dublim, Irlanda), que usa tecnologias Vycross ou Hylacross (Allergan) e onabotulinumtoxinA para injeções de neuromodulador (Botox, Allergan). Por meio de tabelas, descreve agulhas recomendadas por produto; volumes recomendados de ácido hialurônico; e doses recomendadas de onabotulinumtoxinA. Além disso, os volumes e as doses são comparados ou discutidos por produto, usando relações de volume ou dose. Também discute a faixa de dosagem para cada área específica de injeção.

Os achados: quando um paciente deve ser tratado com neuromodulador e preenchedor injetável em sessões separadas, o neuromodulador é mais comumente usado na primeira sessão para abordar o componente dinâmico das rugas, e o preenchimento injetável deve ser usado na segunda sessão. No entanto, se ambos forem usados na mesma sessão, os autores sugerem que o preenchimento deve ser injetado primeiro, devidamente massageado, e só então deve ser injetado o neuromodulador.

Conclusão: as toxinas botulínicas continuam sendo a ferramenta mais importante para o rejuvenescimento da face superior. Os preenchimentos com ácido hialurônico são úteis para fornecer correção de perda de volume, além de apoio, suporte e estrutura. A parte superior da face é considerada uma área desafiadora para o uso de preenchimentos devido às complicações graves, como cegueira e necrose. Para o injetor experiente, a combinação de toxina botulínica e ácido hialurônico pode oferecer benefícios em uma série de aspectos de rejuvenescimento facial, incluindo aparência mais natural, maior duração do efeito, injeção de menores volumes e custo reduzido.

Artigo original disponível em: https://bit.ly/3AgIxsO.

Avaliação facial e guia de injeção para toxina botulínica e ácido hialurônico: foco na face inferior.
Maio M, Wu WTL, Goodman GJ, Monheit G. Alliance for the future of aesthetics consensus committee. Facial assessment and injection guide for botulinum toxin and injectable hyaluronic acid fillers: focus on the lower face. Plast Reconstr Surg 2017;140(3):393-404.

Por que é interessante: é o terceiro artigo de uma série de três que abordam técnicas e recomendações para tratamento estético da parte inferior da face. A face inferior é considerada uma área avançada para tratamento estético facial. Nesta região, preenchedores desempenham um papel mais importante do que neuromoduladores e devem ser usados primeiro para fornecer estrutura e suporte no tratamento de linhas dinâmicas de expressão.

Desenho experimental: revisão da literatura e tabelas são utilizadas para descrever técnicas, recomendações e limitações para o tratamento de lábio, região perioral e queixo.

Os achados e conclusão: os procedimentos no lábio devem evitar hipercorreção, respeitando a projeção dos lábios na vista de perfil e relação entre o tamanho dos lábios e o queixo. O queixo é frequentemente negligenciado, mas remodelar a linha do queixo pode proporcionar uma melhora dramática na estética facial. Ambas as avaliações do perfil e da fronte são importantes no tratamento da parte inferior da face. O rejuvenescimento da região do pescoço requer preenchimentos para suporte estrutural do queixo e da linha da mandíbula, além de neuromoduladores para tratamento de masseter e platisma.

Artigo original disponível em: https://bit.ly/3AfNphF