Diagnóstico, plano de tratamento e execução

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Messias Rodrigues ressalta que de nada adianta fazer um bom diagnóstico e plano de tratamento se a execução do plano de tratamento for equivocada.


por Messias Rodrigues

Uma das grandes mudanças nas últimas décadas na área odontológica, além da análise da face com mais relevância, é a colocação do estudo do diagnóstico e do plano de tratamento como fator principal para a obtenção de um resultado final satisfatório, tanto para o paciente como para o profissional de Odontologia. Contudo, tenho notado algumas colocações de colegas que a mim parecem equivocadas, por isso gostaria de expor aqui algumas considerações que julgo de suma importância.

O primeiro equívoco que tenho observado é que há profissionais que afirmam trabalhar com um diagnóstico diferenciado. Não existe diagnóstico diferente, diagnóstico é um só. Se o paciente tem câncer de pulmão, é câncer de pulmão, não pode ser enfisema, pneumonia ou outro.

Uma vez definido o diagnóstico, devemos definir o plano de tratamento e, aí sim, há certamente mais de um plano possível: quimioterapia, radioterapia, cirurgia etc. Diante dessas variações, desgraçadamente, teremos resultados diferentes, pois se houvesse um só plano de tratamento, o resultado seria totalmente previsível.

O fato principal é que não estamos limitados a apenas duas premissas: o diagnóstico e o plano de tratamento, mas sim a uma tríade, indissociável e interdependente: diagnóstico, plano de tratamento e execução do tratamento. As três etapas, a meu ver, têm o mesmo grau de importância.

Usando como exemplo um tratamento ortodôntico, o diagnóstico seria: “paciente com face longa e mordida aberta anterior”. O plano de tratamento poderia ser, para tomar apenas dois como exemplo, “intrusão dos dentes posteriores com o auxílio de miniplacas” ou “fazer extrações de primeiros molares seguidas do movimento mesial dos segundos e terceiros molares”. Ambas as opções levariam a mandíbula a rodar no sentido anti-horário, porém com resultados semelhantes, nunca iguais.

Agora, a execução equivocada de qualquer um dos dois planos de tratamento poderia pôr tudo a perder. Como fazer para que os molares façam um movimento de corpo e não se inclinem com o movimento mesial no fechamento dos espaços das extrações? Como evitar o movimento de distalização e de inclinação dos incisivos para a lingual nesta mesma situação? No caso das placas, qual o melhor local para fixá-las? Em qual direção deverão ser aplicadas as forças de intrusão? Qual magnitude deve ser aplicada a cada força de intrusão?

Concluindo, de nada adianta fazer um bom diagnóstico e plano de tratamento se a execução do plano de tratamento for equivocada; o resultado, certamente, será desastroso.

Enfim, creio que devemos manter nosso foco nesta direção, mas olhando sempre para uma tríade interdependente: diagnóstico, plano de tratamento e execução.

Confira todas as edições da coluna “Interface”.

Messias Rodrigues

Messias Rodrigues
Especialista em Ortodontia – Unitau; Mestre em Radiologia pela Unicamp; Professor do curso de especialização de Ortodontia da Unitau; Idealizador da técnica Straight-Wire Simplificada; Autor do livro “Técnica SSW” editado em português, espanhol, inglês e mandarim.