Relação lábios/mento para a harmonização facial

Relação lábios/mento para a harmonização facial

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As proporções do rosto são de suma importância para a construção da beleza feminina. Andrea Tedesco discute abordagens científicas da relação lábios/mento. 

Juntamente com a região malar, os lábios são um dos principais componentes da beleza da face feminina e de atenção na Harmonização Facial. Ocupa uma posição de destaque no mundo da estética e sua valorização proporciona à mulher uma sensação de segurança, autoconfiança e bem-estar. Além disso, lábios bem esculpidos remetem à jovialidade e sensualidade¹.

Como um dos elementos do terço inferior, os lábios devem acompanhar a proporcionalidade de toda a face para que sejam mantidas as características naturais do sorriso, tanto em repouso quanto em movimento. Entretanto, frequentemente são observados muitos lábios preenchidos em excesso e sem harmonia com a face. 

A que se deve esse aspecto overfilled? Podemos pensar basicamente em um preenchimento com volume exagerado, em uma superprojeção dos lábios ou em uma técnica inadequada. Entretanto, muitas vezes, a falta de proporcionalidade entre os lábios e o mento (relação lábios/mento) pode ser o fator responsável por um resultado estético indesejado.

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Aqui, vamos abordar a importância da avaliação do posicionamento do mento em relação à face e sua influência na escultura labial. Em uma análise de perfil, a partir da linha vertical verdadeira (LVV)² – que passa tangente ao ponto subnasal, sendo perpendicular ao Plano de Frankfurt –, é possível estabelecer parâmetros ideais de projeção dos lábios superior e inferior, e do mento em relação à face. São as relações verticais do tecido mole (FIGURAS 1).

Segundo um estudo de Cappelozza³, os lábios superiores deveriam estar projetados de 2 mm a 6 mm além da LVV, enquanto o lábio inferior deveria tocar esta linha ou avançar até 4 mm. O mento, por sua vez, deveria estar recuado em 4 mm ou projetado até o limite da LVV. Uma segunda abordagem deve ser considerada ao avaliar a relação dos elementos individuais do terço inferior da face. Considerando que este se inicia no ponto cefalométrico Sn (subnasal) e se estende até o ponto Me’ (mento), FIGURAS 2, é essencial que os ângulos nasolabial e mentolabial estejam dentro dos parâmetros determinados na literatura (FIGURAS 3)¹, a saber:

– Ângulo nasolabial: formado pela intersecção de duas linhas retas que passam pelo ponto subnasal e lábio superior (Sn-Ls); e ponto subnasal e columela (Sn-Cm). Em uma face harmônica, o ângulo nasolabial varia de 90° a 95° nos homens e de 100° a 105° nas mulheres.4

– Ângulo mentolabial: formado pela intersecção de duas linhas retas que passam pelo ponto lábio inferior (Li) e pogônio mole (Pog’), com vértice no ponto sublabial (Sbl). Este ângulo nas mulheres varia entre 120° e 130°, e nos homens entre 115° e 145° (FIGURAS 4)¹. 

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Analisando isoladamente o terço inferior da face, a referência da posição anteroposterior dos lábios em relação ao nariz e ao mento pode ser bem definida pelas linhas de Steiner5, Ricketts7 e Burstone7. A linha S de Steiner5 (Cm-Pog’) conecta o ponto da columela (Cm) ao pogônio mole (Pog’) e, para obter uma perfeita harmonia, os lábios superior (Ls) e inferior (Li) deveriam encostar nesta linha. Lábios muito projetados ultrapassam a linha, e lábios retraí dos não chegam a encostá-la (FIGURA 4A).

A linha E de Ricketts6 (Pn-Pog’) conecta a ponta do nariz (Pn) ao pogônio mole (Pog’) e sugere que a posição do lábio inferior deve estar recuada 2 mm atrás desta linha, enquanto o lábio superior deve estar a 4 mm (FIGURA 4B). A linha B de Burstone7 (Sn-Pog’) conecta os pontos subnasal (Sn) e pogônio mole (Pog’), mensurando a protrusão ou a retrusão dos lábios inferior e superior. Em uma posição ideal, o lábio superior deveria avançar 3,5 mm e o lábio inferior deveria avançar 2,2 mm da linha B (FIGURA 4C).

Todos esses parâmetros devem ser avaliados e considerados para uma correta e harmônica escultura labial. Somente em conjunto, a relação lábios/mento podem dar à face o equilíbrio da estética.

Referência

1. Tedesco A e cols. Harmonizaç ã o facial: a nova face da odontologia. Nova Odessa: Napoleã o, 2019. p.456.
2. Scheideman GB, Bell WH, Legan HL, Finn RA, Reisch JS. Cephalometric analysis of dentofacial normals. Am J Orthod 1980;78(4):404-20.
3. Capelozza Filho L. Diagnóstico em Ortodontia. Maringá: Dental Press, 2004.
4. Aston SJ. Cirurgia plá stica esté tica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
5. Steiner CC. The use of cephalometric as an aid to planning and assessing orthodontic treatment. Am J Orthod 1960;46(10):721-35.
6. Ricketts RM. Esthetics, environment, and the law of lip relation. Am J Orthod 1968;54(4):272-89.
7. Burstone CJ. Lip posture and its signifi cance in treatment planning. Am J Orthod 1967;53(4):262-84.