Escultura facial em faces retas ou côncavas

Escultura facial em faces retas ou côncavas

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Escultura facial: Andrea Tedesco aborda os preenchimentos mais indicados em faces retas ou côncavas, com características de Classe III de Angle.

Com mais de 40 milhões de tratamentos pelo mundo1, o preenchimento e a aplicação de toxina botulínica são os carros-chefes dos tratamentos estéticos faciais. A curva de aprendizado para os injetores parece não ser fácil, mas na verdade a técnica é extremamente simples. A grande dificuldade está em diagnosticar as necessidades volumétricas de cada indivíduo e os melhores materiais para cada finalidade estética.

Nesta linha de raciocínio, o conhecimento dos fundamentos de estética facial, das corretas proporções e das propriedades físico-químicas e reológicas de cada preenchedor é que ditará o sucesso e, principalmente, a naturalidade dos resultados. A excelência na técnica acontecerá com o tempo e com a prática clínica.

Nesta edição, vamos falar sobre os preenchimentos mais indicados para pacientes com perfil facial reto ou côncavo, com características de Classe III de Angle. As principais particularidades desse perfil facial são: retrusão maxilar leve a severa2, lábio superior retroposicionado em relação ao inferior e projeção mentual3. Portanto, a escultura facial deve valorizar o terço médio da face a fim de equilibrar a prevalência do terço inferior. Assim, o preenchimento precisa contemplar: malar medial e lateral, região lateral alar e lábio superior.

Para projeção do malar medial, deve-se considerar as técnicas de preenchimento em planos profundos, como em periósteo e Soof (em português, gordura sub-orbicular), que não interferem na dinâmica muscular e, pelo conceito de miomodulação4, podem inclusive melhorar a atividade dos músculos elevadores do sorriso, por dar suporte às fibras. Técnicas de preenchimento em camadas superficiais, como o tecido subcutâneo, podem limitar a amplitude e, consequentemente, a naturalidade do sorriso, portanto devem ser evitadas5.

O preenchimento da região malar lateral contempla a área posterior à linha dos ligamentos6, considerada área estática, onde as camadas anatômicas encontram-se sobrepostas umas às outras. Nesta situação clínica, bólus justaperiosteais de material preenchedor com elevado G’ (módulo de elasticidade) podem ser interessantes no sentido de elevar o tecido, associados a retroinjeções subcutâneas de um material mais flexível para dar o acabamento e a naturalidade da escultura dessa área.

Na região lateral alar, pode-se optar por reestruturação em nível ósseo ou preenchimento em uma camada mais superficial no tecido subcutâneo. Da mesma forma que foi abordado anteriormente, a deposição do material preenchedor em nível periosteal (plano profundo) dará suporte às fibras do músculo elevador do lábio superior e da asa do nariz4, permitindo e/ou melhorando a movimentação do sorriso.

Por outro lado, injeções superficiais podem levar ao travamento da posição dinâmica do lábio superior5. Portanto, a escolha do plano de aplicação deve levar em consideração a exposição dentária durante o sorriso. Já a projeção do lábio superior deve seguir parâmetros cefalométricos que levem ao equilíbrio do terço inferior.

Referências
1. Friedman PM, Mafong EA, Kauvar AN, Geronemus RG. Safety data of injectable nonanimal stabilized hyaluronic acid gel for soft tissue augmentation. Dermatol Surg 2002;28(6):491-4.
2. Brunetto AR. Má oclusão de Classe I de Angle, com tendência à Classe III esquelética, tratada com controle de crescimento. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial 2009;14(5):129-45.
3. Lu W, Song G, Sun Q, Peng L, Zhang Y, Wei Y et al. Analysis of facial features and prediction of lip position in skeletal class III malocclusion adult patients undergoing surgical-orthodontic treatment. Clin Oral Investig 2021 Feb 15. doi: 10.1007/s00784- 021-03830-x.
4. de Maio M. Myomodulation with injectable fillers: an innovative approach to addressing facial muscle movement. Aesthetic Plast Surg 2018;42(3):798-814.
5. Tedesco A e cols. Harmonização facial: a nova face da Odontologia. Nova Odessa: Napoleão, 2019. p.210-69.
6. Casabona G, Frank K, Koban KC, Freytag DL, Schenck TL, Lachman N et al. Lifting vs volumizing – the difference in facial minimally invasive procedures when respecting the line of ligaments. J Cosmet Dermatol 2019 Aug 12. doi: 10.1111/jocd.13089. Online ahead of print.

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Na próxima edição, serão abordados os detalhes da relação lábios/mento para a harmonização facial.