Marcelo Germani mostra que as medidas preventivas para diminuir sua ocorrência são de suma importância na HOF.
Os eventos adversos relacionados aos procedimentos injetáveis aumentam a cada dia. A completa compreensão e o domínio total sobre o manejo de todas as intercorrências, sejam elas simples ou complexas, devem ser imperativos para qualquer injetor, independentemente da classe profissional. O sucesso na resolução das complicações mais graves, que podem provocar sequelas irreversíveis, está altamente relacionado ao tempo e à certeira intervenção do profissional, já que muitas vezes o nível de uma possível sequela é tempodependente.
Além da expertise e rapidez no manejo de uma possível intervenção, as medidas preventivas para diminuir sua ocorrência são de suma importância. Entender o seu nível profissional e não ultrapassar o limite ou quebrar o balanço entre segurança e eficiência já serão providências extremamente valiosas para conter ou diminuir drasticamente os eventos adversos. Lembrando que, em procedimentos estéticos, a segurança sempre está acima da eficiência.
Algumas medidas preventivas são facilmente realizadas, enquanto outras estão relacionadas ao tempo e à experiência do profissional, por isso a curva de aprendizado deve ser respeitada. Altamente dependente da experiência profissional está o conhecimento anatômico e o entendimento total sobre as principais características dos produtos a serem injetados, dessa forma é preciso manter o estudo constante.
A seguir, estão as principais medidas preventivas – baseadas em consensos e guias atuais – que o clínico deve observar para minimizar a ocorrência de possíveis eventos adversos. Vale ressaltar que essas recomendações não requerem um alto nível de experiência em injetáveis:
– Realizar anamnese detalhada e observar fatores locais e sistêmicos relacionados ao paciente;
– Assepsia correta do paciente;
– Expertise cirúrgica e total biossegurança relacionada aos produtos e materiais utilizados nos procedimentos;
– Utilizar pouco produto com tratamentos graduais;
– Sempre aspirar quando houver uso de agulhas;
– Preferência por cânulas;
– Administrar lentamente as injeções.
O conhecimento do histórico do paciente, os possíveis problemas locais ou sistêmicos e a presença ou não de materiais permanentes, como PMMA, devem ser observados na consulta inicial. Atualmente, existe uma unanimidade entre os experts contraindicando a realização de qualquer procedimento em pacientes portadores de PMMA ou qualquer implante com caráter definitivo.
Outro ponto de grande valor relacionado à prevenção é o preparo prévio do paciente (FIGURA 1), com remoção de maquiagem, lavagem total do rosto e assepsia com clorexidina 2% aquosa ou alcoólica, assim como todo o cuidado com os materiais a serem utilizados durante o procedimento, como dispositivos, campos, seringas etc.
Os tratamentos graduais, com menores quantidades de produto, são mais seguros pelo ponto de vista químico e anatômico. Sabemos que os nódulos tardios estão amplamente relacionados à pureza e ao grau de modificação do produto, portanto com o aumento da quantidade é evidente que a chance da ocorrência de um episódio desse tipo também é maior. Quanto aos tecidos, a colocação de quantidades inadequadas pode promover um desequilíbrio anatômico funcional que, muitas vezes, pode ser irreversível – alia-se a isso a questão financeira, pois sabemos o quanto é irreal a venda de grandes quantidades de produto aos nossos pacientes.
O momento da injeção também deve ser muito bem observado. Quando a agulha for o dispositivo de escolha, a aspiração (FIGURA 2) nunca deve ser deixada de lado, mantendo sempre uma boa empunhadura para estabilizar a seringa, seguido de injeção lenta (FIGURA 3). Quando possível e prioritariamente em áreas de risco, devemos optar pelas microcânulas (FIGURA 4).
Os eventos adversos são o maior medo dos profissionais e, infelizmente, ocorrem com frequência. Podem acontecer com profissionais com qualquer nível de experiência e não existe área ou técnica 100% segura. Porém, é nossa obrigação dominar o manejo e a prevenção desses eventos, antes mesmo de nos tornarmos experts em alguma técnica ou protocolo.
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Marcelo Germani
Mestrando em Odontologia – Unib; Especialista em Implantodontia – Hospital Geral do Exército; Especialista em Periodontia – APCD Araçatuba; Especialista em Radiologia – São Leopoldo Mandic.
Orcid: 0000-0003-2976-9633.