Editorial: quem você é faz a diferença

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Enxergamos o mundo segundo as nossas próprias crenças e percepções e, frequentemente, empregamos características da nossa personalidade nos nossos trabalhos. Cada etapa do seu trabalho diz muito a seu respeito. E quem você é, por sua vez, determina o tipo de paciente que lhe procura. Evidentemente, o seu cliente também encontra conexões de si próprio com sua conduta, e (in)conscientemente as valoriza.

Repare que não estou me referindo a ter (a melhor estrutura), ou a realizar (a melhor técnica), ou a usar (o melhor material). Estou me referindo a ser (um cuidador).

É muito importante que sua conduta no consultório tenha respaldo naquilo que você é como pessoa. Só assim você terá retorno positivo e duradouro de sua clientela. O meu apelo, neste editorial, é para que o foco de qualquer terapia em Odontologia Estética multidisciplinar e Harmonização Orofacial seja, antes de qualquer coisa, você mesmo.

Existem algumas perguntas imprescindíveis sobre si mesmo, que devem ser respondidas antes de qualquer planejamento clínico. Aqui vão algumas delas:

  1. Qual a sua missão de vida? Você encara o seu ofício como meio de realizar a sua missão?
  2. Você acredita ser um profissional que vende saúde, conhecimento, produtos, serviços, soluções odontológicas integradas ou cuidado continuado?
  3. Você busca conhecimento consistente e atualizado? Com qual frequência e objetivo?
  4. Você oferece tratamentos baseados em Ciência ou no que “está na moda”? Você acredita em estudos científicos?
  5. Você é capaz de negar um tratamento solicitado por seu cliente se não estiver preparado para executá-lo ou se não estiver indicado para o caso?
  6. Você realizaria o tipo de tratamento que propõe ao seu cliente se fosse a sua mãe ou o seu pai? Você realizaria em si mesmo aquilo que propõe aos seus pacientes?
  7. Você projeta os resultados dos seus tratamentos em perspectivas de curto, médio ou longo prazos?
  8. Você ouve o seu paciente sobre o que ele realmente deseja e o auxilia a identificar os próprios objetivos, ou você ignora os palpites dos pacientes porque acredita que o seu conhecimento especializado se sobrepõe às opiniões de pessoas leigas?

Todos esses questionamentos têm o único objetivo de chamar a sua atenção para algo que tem acontecido com uma frequência indesejada: um grande número de profissionais transfere para o seu paciente o resultado que acredita ser bom para si mesmo, baseado em suas próprias percepções ou em padrões preestabelecidos, ignorando e desrespeitando o real desejo do seu cliente – o qual muitas vezes nem foi corretamente ouvido. É óbvio que haverá, dessa forma, um descompasso entre a satisfação do profissional clínico e a satisfação do seu próprio paciente ao término do tratamento.

Como já dizia Claude Rufenacht: “A percepção da personalidade de um paciente é requisito profissional básico que permite, em todos os casos, uma abordagem seletiva e individual, facilitando os relacionamentos, poupando tempo e evitando insatisfações”. Perceber o outro não deveria ser mais difícil do que perceber a si mesmo.

Está se tornando cada vez mais necessário valorizarmos a beleza que reside na saúde física e mental de cada indivíduo, que traz em si elementos únicos a serem vistos, considerados e respeitados.

Como profissionais da Saúde, devemos educar os nossos pacientes a olharem para si com menos rigidez e mais amor por suas características individuais. Essa educação definitivamente começa por nós mesmos.

Adicionalmente, devemos atuar para melhorar a anatomia, a função, devolver a saúde dos tecidos orofaciais e conferir estética personalizada, limpando a imagem visual e ao mesmo tempo respeitando suas características e seus anseios. Certamente estaremos mais próximos do sucesso diante dessa conduta, afinal a verdadeira beleza reside em um conjunto de atitudes, formas, cores, sons, cheiros e individualidades. “A beleza está nos olhos de quem vê” e nas mãos de quem cuida. Quem você é faz a diferença.

Maristela Lobo

Editora científica.