Enxergamos o mundo segundo as nossas próprias crenças e percepções e, frequentemente, empregamos características da nossa personalidade nos nossos trabalhos. Cada etapa do seu trabalho diz muito a seu respeito. E quem você é, por sua vez, determina o tipo de paciente que lhe procura. Evidentemente, o seu cliente também encontra conexões de si próprio com sua conduta, e (in)conscientemente as valoriza.
Repare que não estou me referindo a ter (a melhor estrutura), ou a realizar (a melhor técnica), ou a usar (o melhor material). Estou me referindo a ser (um cuidador).
É muito importante que sua conduta no consultório tenha respaldo naquilo que você é como pessoa. Só assim você terá retorno positivo e duradouro de sua clientela. O meu apelo, neste editorial, é para que o foco de qualquer terapia em Odontologia Estética multidisciplinar e Harmonização Orofacial seja, antes de qualquer coisa, você mesmo.
Existem algumas perguntas imprescindíveis sobre si mesmo, que devem ser respondidas antes de qualquer planejamento clínico. Aqui vão algumas delas:
- Qual a sua missão de vida? Você encara o seu ofício como meio de realizar a sua missão?
- Você acredita ser um profissional que vende saúde, conhecimento, produtos, serviços, soluções odontológicas integradas ou cuidado continuado?
- Você busca conhecimento consistente e atualizado? Com qual frequência e objetivo?
- Você oferece tratamentos baseados em Ciência ou no que “está na moda”? Você acredita em estudos científicos?
- Você é capaz de negar um tratamento solicitado por seu cliente se não estiver preparado para executá-lo ou se não estiver indicado para o caso?
- Você realizaria o tipo de tratamento que propõe ao seu cliente se fosse a sua mãe ou o seu pai? Você realizaria em si mesmo aquilo que propõe aos seus pacientes?
- Você projeta os resultados dos seus tratamentos em perspectivas de curto, médio ou longo prazos?
- Você ouve o seu paciente sobre o que ele realmente deseja e o auxilia a identificar os próprios objetivos, ou você ignora os palpites dos pacientes porque acredita que o seu conhecimento especializado se sobrepõe às opiniões de pessoas leigas?
Todos esses questionamentos têm o único objetivo de chamar a sua atenção para algo que tem acontecido com uma frequência indesejada: um grande número de profissionais transfere para o seu paciente o resultado que acredita ser bom para si mesmo, baseado em suas próprias percepções ou em padrões preestabelecidos, ignorando e desrespeitando o real desejo do seu cliente – o qual muitas vezes nem foi corretamente ouvido. É óbvio que haverá, dessa forma, um descompasso entre a satisfação do profissional clínico e a satisfação do seu próprio paciente ao término do tratamento.
Como já dizia Claude Rufenacht: “A percepção da personalidade de um paciente é requisito profissional básico que permite, em todos os casos, uma abordagem seletiva e individual, facilitando os relacionamentos, poupando tempo e evitando insatisfações”. Perceber o outro não deveria ser mais difícil do que perceber a si mesmo.
Está se tornando cada vez mais necessário valorizarmos a beleza que reside na saúde física e mental de cada indivíduo, que traz em si elementos únicos a serem vistos, considerados e respeitados.
Como profissionais da Saúde, devemos educar os nossos pacientes a olharem para si com menos rigidez e mais amor por suas características individuais. Essa educação definitivamente começa por nós mesmos.
Adicionalmente, devemos atuar para melhorar a anatomia, a função, devolver a saúde dos tecidos orofaciais e conferir estética personalizada, limpando a imagem visual e ao mesmo tempo respeitando suas características e seus anseios. Certamente estaremos mais próximos do sucesso diante dessa conduta, afinal a verdadeira beleza reside em um conjunto de atitudes, formas, cores, sons, cheiros e individualidades. “A beleza está nos olhos de quem vê” e nas mãos de quem cuida. Quem você é faz a diferença.
Maristela Lobo Editora científica. |