Entendendo as diferentes cores na Harmonização Orofacial

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Na Odontologia, aprendi a converter energia em saúde. No entanto, ao longo do tempo, tenho visto que a transformação da energia é muito maior do que a busca da saúde e/ou do equilíbrio. Transformamos bem-estar, autoestima, sorrisos.

Inicio assim esta matéria para mostrar a verdadeira importância da fotobiomodulação. A cada dia, vejo mais profissionais se preocupando, na sua essência, que a beleza é proporcional ao perfeito funcionamento do organismo, e que o inevitável envelhecimento nos mostra muito bem que a diminuição das funções orgânicas tem como consequência a perda da estética¹-².

Quando falo em energia, pense em fóton, que é a partícula elementar mediadora da radiação eletromagnética. Essa partícula se propaga quando acionamos, por exemplo, um equipamento de laser e/ou LED tão utilizado atualmente na Odontologia. Pois bem, o intuito desta matéria é mostrar a interação dessa energia com nossas células e, consequentemente, com nosso organismo.

Assim, para compreender a característica desse fóton temos que entender as cores que são emitidas por esses equipamentos. Tais cores são classificadas pelo tamanho da sua onda, sendo que cada cor tem seu comprimento de onda representado por uma unidade nanométrica³. Por tudo isso, vamos discutir os comprimentos de onda atualmente utilizados nos tratamentos da Harmonização Orofacial, independentemente, nesse momento, se a emissão é por laser ou LED.

Seguindo por essa linha de raciocínio, temos a fotobiomodulação, que pode ser descrita como uma interação da luz (fóton) com os tecidos biológicos, estimulando eventos fotofísicos, químicos e biológicos da célula, na busca de melhores respostas terapêuticas, consequentemente, alterando o metabolismo celular4.

Desse modo, se o envelhecimento é causado por diminuição das funções orgânicas, e se a fotobiomodulação promove aumento de metabolismo celular, quer dizer que, para combater o envelhecimento, e/ou melhorar a estética facial, a fotobiomodulação pode ser uma eficiente ferramenta terapêutica.

Pois bem, essa terapia laser ou LED pode ser empregada com diferentes cores, por exemplo, violeta, azul, âmbar, vermelho e infravermelho. Cada um desses comprimentos de onda tem sua especificidade; assim, cada cor de fóton tem seu alvo específico na nossa célula.

Além da especificidade de absorção de cada comprimento de onda, a potência com que essa energia é entregue é de suma importância na fotobiomodulação. A fim de resumir para melhor entendimento do leitor, exemplifico aqui, em formato de uma tabela, cada uma das cores atualmente utilizadas nos equipamentos comercialmente disponíveis no Brasil para fotobiomodulação (Tabela 1).

Uma vez definida a interação de cada cor de fóton, podemos indicar especificamente cada comprimento de onda para uma terapia específica. Assim, fica fácil entender porque os diferentes tratamentos se utilizam de diferentes tipos de laser e/ou LED.

Para ilustrar essa parte teórica, apresentamos a seguir os resultados clínicos de tratamentos realizados na Harmonização Orofacial com o intuito de hidratar a camada dérmica da face, juntamente com estímulo de colágeno para tratamentos de marcas de expressão estáticas. Essas marcas são caracterizadas pela ruptura e/ou falência das fibras colágenas, e são de difícil tratamento, uma vez que deve haver estímulo para renovação desse colágeno. A fotobiomodulação associada a dermocosméticos é capaz de promover renovação celular e tecidual (Figuras de 1 a 5).

Por fim, vale ressaltar que a fotobiomodulação é uma terapia não invasiva, indolor, com a finalidade específica de promover uma hidratação profunda, clareamento da pele e, principalmente, estímulo de reparação tecidual. Durante a sessão clínica, os diferentes comprimentos de onda são utilizados concomitantemente ou não ao dermocosmético, dependendo diretamente da necessidade do tratamento a ser realizado.

Figuras 1 – A

 
 Antes do procedimento de fotobiomodulação: a pele apresenta pequenos pontos avermelhados, sugerindo processo inflamatório. B. Etapa do procedimento de plástica biofotônica com máscara de colágeno fotocalisado com o LED azul. C. Imediatamente após o procedimento, a pele apresenta maior claridade e hidratação e ausência de característica inflamatória.



Figuras 2 – A a E. Paciente com 82 anos. Foram realizadas cinco sessões clínicas de fotobiomodulação com dermocosmético. Comparativo: antes (A) e depois (E); e as etapas intermediárias com os diferentes comprimentos de onda durante o tratamento. Caso clínico executado pela Dra. Tatiana Accetturi.Figuras 3 – Caso clínico somente de fotobiomodulação em marcas estáticas na região do músculo orbicular dos olhos. A. Antes. B. Após uma sessão clínica. C. Após duas sessões clínicas. Nota-se grande diminuição das marcas estáticas pelo estímulo da hidratação e do colágeno.Figuras 4 – Paciente com alto grau de flacidez e craquelamento da pele ocorrido por marcas estáticas; (A) antes, (C) depois. Nota-se nas imagens (B) e (D) o antes e o depois, respectivamente, de uma sessão grande a melhora, principalmente, na hidratação.Figuras 5 – A e B. Duas sessões clínicas de fotobiomodulação. Acentuada diminuição de marcas estáticas com clareamento perceptivo da pele e hidratação dez dias após o início do tratamento.

 

TABELA 1 – ESTRUTURA ESQUEMÁTICA COM OS DIFERENTES COMPRIMENTOS DE ONDA NA FOTOBIOMODULAÇÃO, COM SUA AÇÃO E INDICAÇÃO CLÍNICA

Referências
1. Pretel H, Lins J, Cação ID. Restoration of orofacial aesthetics: a new multidiscilinary concept. Cosmetic Dentistry 2013;1:26-8.
2. Pretel H, Cação I. Harmonização Orofacial: toxina botulínica, preenchedores orofaciais e fototerapia. 1. ed. São José dos Pinhais: Editora Plena; 2016. p. 188.
3. Sommer AP, Pinheiro AL, Mester AR, Franke RP, Whelan HT. Biostimulatory windows in low-intensity laser activation: lasers, scanners, and NASA’s light-emitting diode array system. J Clin Laser Med Surg 2001;19(1):29-33.
4. Lee SY, Park KH, Choi JW, Kwon JK, Lee DR, Shin MS et al. A prospective, randomized, placebo-controlled, double-blinded, and split-face clinical study on LED phototherapy for skin rejuvenation: clinical, profilometric, histologic, ultrastructural, and biochemical evaluations and comparison of three different treatment settings. J Photochem Photobiol B 2007;88(1):51-67.


Hermes Pretel

Mestre e doutor em Ciências Odontológicas, e Professor colaborador do Programa em Pós-graduação em Ciências Odontológicas – FOAr/Unesp; Professor e diretor – REO Group; Professor – Núcleo de Pesquisa e Ensino em Fototerapia de São Carlos (Nupen).