Como dar os primeiros passos na Harmonização Orofacial?

Como dar os primeiros passos na Harmonização Orofacial?

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Márcia Viotti responde como o profissional deve iniciar sua trajetória na Harmonização Orofacial, além dos tratamentos orofaciais que devem ser oferecidos no consultório.


A Harmonização Orofacial é uma área muito nova e, por isso, muitos profissionais estão iniciando sua curva de aprendizado para atuar com esse conjunto de terapias. Dessa forma, eu gostaria de compartilhar algumas recomendações que eu acho importante para quem está começando.

Muitos colegas me perguntam como devem fazer para oferecer tratamentos orofaciais no consultório, e qual a sequência de tratamentos que deve ser oferecida. Essa é uma pergunta feita pela maioria dos iniciantes na Harmonização Orofacial. Seria muito fácil dizer que, após realizar inúmeros cursos, você estaria apto a responder a esse questionamento por si só, porém existem inúmeros fatores que podem alterar essa resposta.

Ao iniciar sua trajetória na Harmonização Orofacial, o profissional deveria perguntar a si mesmo o quanto está realmente preparado para realizar esses procedimentos, avaliando se se sente seguro para tal, se domina a técnica que pretende realizar e, principalmente, se está preparado para solucionar intercorrências caso elas ocorram. Se houver convicção positiva em, pelo menos, 80% dessa avaliação pessoal, creio que esse profissional tem boas chances para começar a trabalhar. Evidentemente, sempre que possível, recomendamos que um colega mais experiente acompanhe os primeiros procedimentos dos novatos.

Um fato que vem nos trazendo preocupação é a divulgação de inúmeros protocolos clínicos que são adaptações de técnicas originais, muitas vezes lançados no mercado por seus idealizadores sem o devido embasamento científico, pela satisfação de batizar uma técnica com seu próprio nome. Por isso, não só os iniciantes, mas todos os demais profissionais que estão nesse mercado devem permanecer atentos para a procedência dos protocolos aplicados.

É importante lembrar que devemos ser muito criteriosos na escolha dos procedimentos para harmonizar as feições do paciente. Não devemos nos deixar influenciar por aquilo que é ditado pelo mercado. Avalie seu paciente com uma boa conversa, que se tornará parte importante da anamnese. Sinta quais são os seus reais desejos e quais as condições orgânicas/sistêmicas que ele apresenta.

Faça uma avaliação de sua face através dos sinais apresentados, registre essa conversa com fotos e vídeos, que normalmente são os que mais oferecem subsídios para o seu planejamento. Lembre-se, histórias de vida deixam marcas/lembranças no coração e principalmente na face.

A enorme ansiedade apresentada pelo paciente muitas vezes nos induz à realização imediata de um planejamento/orçamento, o que nos leva muitas vezes a falhas. O ideal é que você tenha um tempo para planejar e, depois, fazer uma apresentação, de preferência em vídeo, da sua proposta de tratamento. Isso lhe trará um enorme diferencial com relação a outros profissionais do mercado.

A sua avaliação clínica, o histórico apresentado pelo paciente, o desejo do paciente e suas condições econômicas irão influenciar diretamente a sequência que você irá empregar no tratamento. Lembrando que o ideal é que você individualize os procedimentos para cada paciente em seus planejamentos.

Devemos lembrar que os procedimentos orofaciais estão muito ligados à personalidade e ao estado emocional do paciente e que varia muito de acordo com o momento que ele está vivendo. O paciente busca pelo tratamento para melhorar sua autoestima, mas isso não significa, necessariamente, que a origem de sua insatisfação seja com seus aspectos físicos. Por isso, é preciso ter cuidado redobrado diante de quadros de instabilidade emocional. Pacientes com alterações psicológicas tendem a se manter permanentemente insatisfeitos com os resultados de procedimentos estéticos. Por isso, cabe ao profissional a decisão de adiar o tratamento, se for preciso.

Outra recomendação importante para os profissionais que estão começando é que se dediquem exaustivamente ao estudo das estruturas biológicas da face, cada camada da pele, os compartimentos de gordura, os ligamentos de retenção, os músculos e ossos da região para que não tenha surpresas desagradáveis ao realizar os seus procedimentos.

Da mesma forma, vale a pena investir no planejamento e na análise facial, recursos que já são utilizados há muito tempo na Ortodontia e nas cirurgias bucomaxilofaciais. Trata-se de uma das melhores ferramentas para se chegar a um diagnóstico mais preciso.

Após concluir a análise da face, você irá determinar a sequência de tratamentos que irá propor ao seu paciente e, é claro, que eles diferem enormemente de um paciente para outro, e você dispõe de uma vasta gama de procedimentos que podem ser empregados, tais como peelings, toxina botulínica, bioestimuladores, preenchedores, fios de sustentação, laser, entre outros.

Para encerrar minhas recomendações, lembre-se de que você é um profissional de saúde e está muito além de um mero injetor de produtos. Ao propor um tratamento, ofereça a melhor solução ao seu paciente e execute-a sempre da maneira mais segura.

Confira todas as edições da coluna “Estruturas anatômicas”, de Márcia Viotti.

Marcia Viotti

Márcia Viotti
Especialista em Dentística – Unicastelo; Habilitada em Harmonização Orofacial – MARC Institute-Miami; Anatomista MARC Institute/Instituto Altamiro Flávio; Professora em cursos livres de Harmonização Orofacial.
Orcid: 0000-0003-0150-3796.