A disrupção da Harmonização Orofacial

A disrupção da Harmonização Orofacial

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A HOF propõe a ruptura de paradigmas e introduz na Odontologia a necessidade de novos conhecimentos, estimulando a saída da zona de conforto. 

O termo “disruptivo” refere-se a uma inovação tecnológica, produto ou serviço com características que provocam uma ruptura com os padrões, modelos de serviços ou tecnologias já estabelecidos no mercado, impactando comportamentos e modificando hábitos de consumo¹. Essa expressão tornou-se comum recentemente por conta da expansão das startups e, de fato, representa um processo, uma trajetória na qual o produto e/ou serviço vai se transformando ao longo do caminho.

A Harmonização Orofacial se encaixa bem nesse contexto, uma vez que também propõe a ruptura de paradigmas e introduz na Odontologia a necessidade de novos conhecimentos, estimulando diversos profissionais a saírem da sua zona de conforto. Mesmo que o cirurgião-dentista não deseje realizar procedimentos de HOF em seu consultório, ele será obrigado a conhecer minimamente o assunto, para responder às dúvidas e questionamentos dos seus próprios pacientes.

Ficar à margem dessa nova realidade não me parece uma boa ideia. Aprender sobre a HOF é a perfeita oportunidade para aprofundar-se nos conhecimentos sobre a face e todo o sistema estomatognático. Além disso, o domínio dessas técnicas representa uma libertação do poder limitador da palavra “dentista”, de modo que este profissional possa exercer plenamente a Odontologia em toda a sua área de atuação.

Se você ainda acha que a HOF se resume a técnicas envolvendo toxina botulínica, preenchedores e outras terapias, convido-o a enxergar essa nova especialidade com o respeito que ela merece, pois, como todas as outras, traz benefícios inigualáveis para pacientes e cirurgiões-dentistas. Obviamente, as rupturas bruscas de padrões causam desconforto em algumas pessoas, porque elas são obrigadas a se movimentar e sair do “lugar comum”. Adicione a isso a velocidade dos dias atuais e o imediatismo dos nossos pacientes (e o nosso também). Trata-se de um cenário bastante complexo.

Contudo, em cenários adversos, existe uma imensa oportunidade de crescimento e de aprendizado. É um oceano azul a ser descoberto, repleto de novos rumos e possibilidades. Sugiro àqueles que ainda não se sentiram motivados a buscar novos conhecimentos em HOF, que repensem essa possibilidade e considerem o fato de que muitas respostas para problemas intraorais encontram-se na face.

Quer exemplos? Pacientes com problemas oclusais podem apresentar aspectos faciais específicos e reconhecíveis2-3. Também são comuns as etiologias de sorriso gengival relacionadas a problemas esqueléticos (excesso vertical de maxila), análise facial e/ou hiperatividade labial que podem ser diagnosticadas através de análise de face prévia4. Outra situação clínica recorrente é a exposição inexistente de incisivos centrais superiores, que pode ocorrer em função da ptose dos tecidos faciais5-6. Essas e tantas outras análises de perfil e de face, antes restritas às especialidades de Ortodontia e Cirurgia Bucomaxilofacial, podem auxiliar o clínico a solucionar problemas intraorais relativamente frequentes através de procedimentos de HOF.

De fato, observar, documentar e conhecer a face dos nossos pacientes agrega informações relevantes ao processo diagnóstico. Sendo assim, a HOF é muito mais do que uma lista de técnicas de embelezamento ou combate ao envelhecimento: é uma especialidade que propõe a multidisciplinaridade e se soma à Odontologia convencional. E, sem dúvida, pode ser a melhor chance de compreender as relações dinâmicas e as particularidades estáticas de todos os elementos com os quais trabalhamos – bases ósseas, dentes, periodonto, lábios e face (considerando todas as camadas teciduais). Quanto antes você iniciar nesse novo universo, mais benefícios terá. Vamos juntos?

Referências

1. Christensen CM, Raynor ME, McDonald R. What is disruptive innovation? Harvard Business Review, 2015.
2. Arnett GW, Bergman RT. Facial keys to orthodontic diagnosis and treatment planning. Part I. Am J Orthod Dentofacial Orthop 1993;103(4):299-312.
3. Lundström A, Forsberg CM, Peck S, McWilliam J. A proportional analysis of the soft tissue facial profile in young adults with normal occlusion. Angle Orthod 1992;62(2):127-33; discussion 133-4.
4. Peck S, Peck L, Kataja M. Some vertical lineaments of lip position. Am J Orthod Dentofacial Orthop 1992;101(6):519-24.
5. Spear FM, Kokich VG. A multidisciplinary approach to esthetic dentistry. Dent Clin North Am 2007;51(2):487-505.
6. Ramaut L, Tonnard P, Verpaele A, Verstraete K, Blondeel P. Aging of the upper lip: part I: a retrospective analysis of metric changes in soft tissue on magnetic resonance imaging. Plast Reconstr Surg 2019;143(2):440-6.