Intercorrências, complicações e efeitos adversos na Harmonização Orofacial

Intercorrências, complicações e efeitos adversos na Harmonização Orofacial

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Karine Piñera disseca os conceitos de “intercorrências”, “complicações” ou “efeitos adversos”.


Profissionais da Saúde estão sempre em busca de resultados previsíveis. Essa é a rotina de todos aqueles que se dedicam à clínica, procurando oferecer o melhor aos seus pacientes.

No entanto, existem casos em que algo fora do previsto (ou desejado) acontece e o profissional precisa recorrer a um novo protocolo para minimizar eventuais danos à saúde do paciente. Essas situações costumam ser definidas genericamente como “intercorrências”, “complicações” ou “efeitos adversos”.

Afinal, existem diferenças entre esses temas ou são sinônimos? Não, esses termos não são sinônimos. Não se trata de preciosismo. Compreender cada um desses conceitos é fundamental para garantir uma atuação clínica pautada na fundamentação científica. Na Patologia, conceituar é uma prática habitual e faz parte da visão “sob o microscópio”, evoluindo o conhecimento a partir do micro (da célula ou da palavra inicial) para o macro (evolução do conceito e a implicação clínica no paciente). Vamos aos conceitos, então.

Intercorrências

Ato ou efeito de intercorrer, ou seja, acontecer no decurso de algo.

No caso da Harmonização Orofacial, as intercorrências correspondem aos acontecimentos que se sucedem após os procedimentos realizados. Ou seja, são eventos esperados, relativamente uniformes e previsíveis até certo ponto, levando-se em consideração, é claro, as especificidades das técnicas e a reação individual de cada paciente.

Nesse grupo, podemos citar o eritema, os hematomas, as equimoses, o edema, entre outros. São, portanto, fenômenos que acontecerão “de fato”, em maior ou menor intensidade.

Sendo assim, todo e qualquer procedimento, desde o mais simples até o de maior complexidade, implicará necessariamente em intercorrências, ou seja, evoluções, fatos, eventos que se sucedem e que devem ser de conhecimento do profissional para uma atuação sem “sustos”.

Complicações

Na área da Saúde, a complicação é considerada uma evolução desfavorável, a consequência de uma doença ou de um determinado tratamento realizado, ou ainda, uma nova doença desenvolvendo-se como uma complicação para uma doença preexistente.

Como exemplo, pode-se citar a osteoporose secundária ao diabetes, a mucosite decorrente da terapia antineoplásica. Na Harmonização Orofacial, determinadas manifestações bucais, como o herpes labial após a utilização de materiais preenchedores. Não é um evento esperado, necessariamente, como os hematomas, e sim um risco eventual na dependência da situação clínica.

Efeitos adversos

Denomina-se efeito adverso um evento diferente e indesejado, prejudicial, não intencional. Os efeitos adversos ocorrem como uma reação adversa mediante o uso de medicamentos, sendo um efeito diferente do desejado ou esperado pelo produto e, portanto, um efeito indesejado.

A ocorrência se dá em reposta a um medicamento (substância) utilizado nas doses habituais e preconizadas. Trata-se do risco benefício de qualquer substância química que possui sua ação terapêutica, mas também seus possíveis efeitos adversos. Como exemplo, podemos citar as reações adversas decorrentes da toxina botulínica e que variam de comuns (entre 1% e 10% dos pacientes) a muito raras (menos de 0,01%).

A cefaleia, dor ou ardência são consideradas reações adversas comuns, enquanto a diplopia é um efeito adverso raro. São diferenças sutis, mas importantes no planejamento de cada caso e na definição de protocolos de manejo clínico. Além disso, é fundamental esclarecer ao paciente os riscos inerentes a qualquer intervenção e alertar para o custo-benefício de todo o tratamento.

Confira todas as edições da coluna “Sob o microscópio”, de Karine Piñera.